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quinta-feira, 04/12/25

A REALIDADE DOS “NOVOS” DIRIGENTES SINDICAIS E A CRISE CONTEMPORÂNEA DO MOVIMENTO SINDICAIS



A atual realidade das direções de muitas entidades sindicais revela, de forma preocupante, a urgência da formação política e da consciência de classe entre trabalhadores e dirigentes. O movimento sindical, no Brasil e no mundo, vive um período de decadência que não pode ser ignorado. Em diversas entidades, novos gestores têm conduzido sindicatos como se fossem empresas privadas, priorizando burocracia, assistencialismo e interesses particulares, enquanto a verdadeira função sindical permanece relegada a segundo plano.

A essência da luta por melhores condições de trabalho, salários justos, mobilização coletiva e defesa intransigente da classe trabalhadora tem sido substituída, em muitos casos, por práticas de gestão que reforçam a fragmentação das categorias, dos trabalhadores da própria entidade, demissões injustas dos trabalhadores das entidades sindicais e a desumanização das relações laborais. Trata-se de um afastamento profundo do princípio básico que deve orientar qualquer entidade sindical: cuidar das pessoas e não apenas dos CPFs.

Hoje vemos trabalhadores e trabalhadoras em entidades sindicais sendo alvo de assédio moral, perseguição e desqualificação justamente por parte daqueles que deveriam combater tais práticas. Em algumas entidades, segmentos da categoria se voltam uns contra os outros; retiram conquistas históricas dos seus trabalhadores; e companheiros de luta passam a ser tratados como inimigos.

Muitos dirigentes aplicam, com maestria, reformas trabalhistas e previdenciárias que retiraram direitos e fazem a classe trabalhadora retroceder mais de um século.

A máxima “o poder corrompe” se expressa de maneira clara em diversos sindicatos, convertidos em estruturas personalistas ou patrimonializadas.

Ascensão e queda, um olhar histórico para entender o presente

A história mundial do movimento sindical evidencia trajetórias de ascensão, crise e reorganização. Assim como grandes impérios, que surgiram, floresceram e, posteriormente, decaíram, o sindicalismo também passa por ciclos.

Ascensão

No final do século XIX e ao longo do século XX, sindicatos cresceram como forma de resistência à exploração da revolução industrial.

Conquistas como jornada de oito horas, férias, salário mínimo, proteção social e direito de greve foram resultado direto da ação sindical.

Após a Segunda Guerra Mundial, muitos países viram o sindicalismo consolidar-se como ator político fundamental, influenciando legislações e políticas públicas.

Crise e declínio

A partir dos anos 1980, com o avanço do neoliberalismo, a globalização e o enfraquecimento do trabalho formal, o movimento sindical passou a enfrentar:

Redução da base de trabalhadores organizados, com terceirização e informalidade;

Criminalização das lutas sociais

Fragmentação das categorias;

Pressões para a adaptação ao modelo empresarial de gestão(reestruturação).

No Brasil, esse processo se intensificou com as reformas recentes:

A Reforma Trabalhista (2017) enfraqueceu a negociação coletiva e praticamente extinguiu o financiamento sindical tradicional;

A Reforma Previdenciária (2019) endureceu regras e ampliou desigualdades sociais;

Em ambos os casos, houve mobilização insuficiente das centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais.

O resultado é visível, a sociedade deixa de confiar nos sindicatos, partidos de esquerda e movimentos sociais, abrindo espaço para ascensão da extrema direita, retrocessos, discursos antissindicais e aumento da miséria e da desigualdade.

Quando companheiros viram patrões:

Muitos trabalhadores que ascenderam às direções sindicais passaram a se distanciar da própria categoria e de toda a classe trabalhadora, que deveriam representar. Aqueles que, por décadas, foram companheiros de luta, tornaram-se, em muitos casos, subordinados (empregados ou colaboradores), vistos com desconfiança ou como adversários internos. Essa inversão de papéis destrói vínculos, rompe a solidariedade e alimenta o descrédito geral nas organizações.

A decadência atual demonstra que o movimento sindical só se reerguerá com formação política, ética e humana. É preciso recuperar valores básicos:

Consciência de classe: entender que os trabalhadores, independentemente da categoria, públicos  ou privados, partilham interesses comuns.

Fraternidade e solidariedade: priorizar o cuidado com as pessoas, combater assédios, perseguição, injustiças, fortalecer o coletivo.

Compromisso histórico: recordar que direitos não vieram de favores, mas de muita luta.

Democracia interna: transparência e participação real dos trabalhadores nas decisões.

Sem esses pilares, qualquer entidade sindical corre o risco de repetir a história dos impérios que sucumbiram por se afastarem de seu próprio povo.

Reconstruir e preciso

Estamos vivendo a queda de quem deveria ser vanguarda e resistência. E isso se reflete amplamente na sociedade, pessoas que não acreditam mais em sindicatos, partidos progressistas ou movimentos sociais, justamente aqueles que historicamente contribuíram para construir uma sociedade mais justa, menos misógina, menos machista e menos desigual.

Reerguer o movimento sindical passa por retomar sua essência, fortalecer sua base, reorganizar suas práticas, respeitar seus trabalhadores e, sobretudo, recuperar a confiança de todos os trabalhadores e da população. Este é o desafio histórico colocado diante de nós, trabalhadores e principalmente dirigentes sindicais eleitos para combater e não promover desigualdades nas categorias e nossa sociedade.




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