SOBRECARGA DE TRABALHO E PRESSÃO POLÍTICA AFETAM FUNCIONÁRIOS/AS NAS ENTIDADES SINDICAIS

As entidades sindicais, criadas para defender os direitos dos trabalhadores/as, enfrentam um paradoxo preocupante: a sobrecarga de trabalho e a precarização das condições de seus próprios trabalhadores/as. A redução no quadro de trabalhadores/as, somada a decisões políticas dentro dos sindicatos, tem levado a um cenário de desvio de função, adoecimento e perseguição daqueles que se recusam a se submeter a demandas abusivas.
Acúmulo de Funções e Desvio de Função
Muitos sindicatos operam com equipes reduzidas, seja por falta de orçamento ou por decisões estratégicas dos dirigentes. Essa escassez de mão de obra faz com que os trabalhadores/as tenham que assumir diversas funções ao mesmo tempo, muitas delas fora de sua atribuição original.
É comum ver trabalhadores/as que foram contratados para atuar em áreas administrativas tendo que desempenhar atividades jurídicas, comunicação, atendimento ao público e até mesmo organização de eventos. Esse acúmulo de tarefas compromete a qualidade dos serviços prestados e sobrecarrega os profissionais, que acabam enfrentando estresse e exaustão.
Adoecimento e Impacto na Saúde Mental
O desvio de função e a sobrecarga de trabalho têm consequências diretas na saúde dos trabalhadores/as dos sindicatos. O excesso de demandas, prazos apertados e a cobrança constante resultam em cansaço físico e mental, levando a doenças ocupacionais como estresse, ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
A ironia desse cenário é evidente: sindicatos que deveriam lutar por condições dignas para os trabalhadores/as muitas vezes não garantem isso aos seus próprios trabalhadores/as.
Pressão Política e Perseguição
Outro fator agravante é a cultura política dentro das entidades sindicais. Muitos dirigentes acreditam que os trabalhadores/as devem se submeter a qualquer tipo de ordem sem questionar, independentemente de sua qualificação ou da legalidade das tarefas exigidas.
Quando um trabalhador/a se recusa a aceitar funções que não condizem com seu cargo, é comum que sofra retaliação, seja por meio de perseguição velada, isolamento dentro do ambiente de trabalho ou até mesmo ameaças veladas de demissão. Esse ambiente tóxico desestimula os profissionais e contribui para a alta rotatividade dentro dessas instituições.
A Necessidade de Mudança
Para que os sindicatos sejam verdadeiramente exemplares na defesa dos direitos dos trabalhadores/as, é fundamental que olhem para dentro de suas próprias estruturas e adotem práticas mais justas. Entre as principais mudanças necessárias, destacam-se:
Contratação de número profissionais adequados para evitar acúmulo indevido de funções.
Respeito às atribuições de cada cargo, garantindo que os trabalhadores/as não sejam desviados de suas funções originais.
Ambiente de trabalho saudável, livre de perseguições e práticas abusivas.
Capacitação contínua, para que os trabalhadores/as possam desempenhar suas funções com eficiência sem serem obrigados a exercer atividades que não dominam.
Enquanto essas mudanças não ocorrerem, os sindicatos correm o risco de comprometer sua credibilidade e de perder profissionais qualificados que poderiam contribuir para uma luta mais eficiente pelos direitos da classe trabalhadora.