8 de março: Dia Internacional da Mulher
DATA CONTINUA SENDO DE REFLEXÃO E DE LUTAS AINDA MAIORES POR PARTE DAS MULHERES.
Muito mais que celebrar conquistas e avanços, o 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres, continua sendo uma data para importantes reflexões, não apenas por parte das próprias mulheres, mas da sociedade em geral.
Isto porque há temas que ainda se convertem em verdadeiros desafios e que, por isso, merecem um firme enfrentamento, como a violência contra as mulheres – o feminicídio, principalmente – o racismo, as diferenças de salários entre homens e mulheres que exercem as mesmas funções, além das práticas de assédio sexual e moral no trabalho, dentre outras.
No que diz respeito especificamente à violência, os números são cada vez mais estarrecedores. Conforme a pesquisa Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil estima-se que cerca de 18,6 milhões de mulheres brasileiras foram vitimizadas em 2022, o que equivale a um estádio de futebol com capacidade para 50 mil pessoas lotado todos os dias. Em média, as mulheres que foram vítimas de violência relataram ter sofrido quatro agressões ao longo do ano, mas entre as divorciadas a média foi de nove vezes. Em comparação com anos anteriores, o estudo mostra que todas as formas de violência contra a mulher apresentaram crescimento acentuado no ano passado.
Lamentavelmente, Minas Gerais ocupa a desonrosa posição de estado líder no ranking nacional quando se trata de tentativas de feminicídio e de crimes deste tipo consumados. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), de 2021 para 2022, houve um aumento de 8% nos casos registrados no estado. Em 2023, apenas em janeiro, foram 25, contra 19 no mesmo período do ano passado.
“O fenômeno da violência contra as mulheres é sempre muito complexo, pois envolve uma série de questões, sobretudo se pensarmos na cultura machista e patriarcal, em que o homem se acha superior às mulheres simplesmente por ser homem e por se considerar proprietário delas”, ressalta a secretária-geral do SITESEMG, Rogéria Cássia.
Para ela, no entanto, o enfrentamento à violência contra as mulheres não se separa de outras lutas importantes do gênero, como o combate às práticas recorrentes de racismo e de assédio sexual e moral nos locais de trabalho e às desigualdades no mercado de trabalho, particularmente quanto à diferença de salários entre homens e mulheres que exercem funções idênticas.
“Claro que o 8 de março é uma data que simboliza as conquistas que as mulheres efetivaram ao longo do século XX, mas ainda há muito o que avançar”, ressalta Rogéria, acrescentando que o combate a violência contra as mulheres e a construção da igualdade para o gênero, em todas as suas dimensões e diversidade de raça, classe e sexualidade, necessita da adoção de políticas universais associadas à ações e medidas mais efetivas por parte de todos os segmentos da sociedade.
“Além disso, precisamos combater um certo silenciamento que ainda existe e que acaba por normalizar as desigualdades e violências que sofremos. Só assim seremos capazes de construir uma sociedade igualitária e sem preconceitos”, finaliza.